Um passo gigante...

Ontem à noite não resisti, não aguentei mais, o ar sofucava-me, o coração apertava, o corpo tremia... Saí do trabalho e esperei pela minha mãe à porta dela. Queria-lhe dizer, mas não queria. Esperei, chorei, limpei as lágrimas, disfarçei... Ela chegou. De dentro do carro ela abanou a cabeça como quem pergunta "o que fazes aqui", eu deitei-lhe a língua de fora e sorri, desfazendo-me toda por dentro como veneno. Eis o momento em que ela se chega perto de mim e pergunta-me:

- "O que é que se passa? Tá tudo bem?!"

- "Era pra saber se queres vir comigo a uma consulta, não quero ir sozinha."

- "Não acredito que venhas até aqui à uma da manhã pra me perguntar isso! O que é que tens? Passa-se mais qualquer coisa..."

- "Tá tudo bem mãe, a sério......." quando as lágrimas me pregam uma partida e correm sem fim...

- "O que foi Ruth? O que é que tens? Não me digas que tás com uma depressão!..."

Fiz-lhe sinal com a mão a indicar mais ou menos, pois não conseguia falar... até que lhe disse: - "Não sou feliz mãe."

A partir daí foi um culminar de emoções, palavras, gestos, lágrimas e tudo mais... Falámos tudo, mais uma vez disse tudo o que tinha a dizer e eis então que ela me abraça, me beija e me diz: - "Tens as portas abertas pra tudo o que quiseres, podes contar comigo, só te quero ver feliz. Fica cá esta noite."

Não fiquei, quis que ela soubesse que apesar de tudo estou bem, melhor fiquei sabendo que ela me apoia, não esperava e lamento ter pensado assim, mas fico muito contente me ter enganado. Mãe, Pai, preciso de vocês, não só agora, mas principalmente agora... dai-me forças, não me critiquem nem me julguem, deixem-me ser feliz.

E mana, de ti precisarei sempre, sempre...